Afinal, é preferível ter um CPU com maior frequência ou um CPU com mais núcleos de processamento?
A proliferação de processadores com quatro núcleos tem criado uma dúvida frequente: “devo optar por um processador quad core ou é preferível um dual core com mais megahertz?”
Claro que o ideal seria escolher um CPU com o máximo número de núcleos e a máxima frequência, mas as limitações orçamentais impedem esta escolha.
Para percebermos esta diferença, podemos fazer um paralelismo: é o mesmo que termos duas equipas, uma constituída por quatro pessoas e a outra constituída por duas pessoas. Se todas as pessoas apresentarem o mesmo ritmo de trabalho, então a equipa de quatro tem o dobro do potencial de trabalho da equipa de duas pessoas. Simples.
O problema da multitarefa
A situação torna-se, no entanto, mais complicada quando analisamos o tipo de tarefa a realizar. Por exemplo, se o objectivo for semear uma seara de trigo, então só teríamos de dividir a área a semear pelos elementos das equipas, o que significaria que a equipa de quatro elementos seria capaz de semear a mesma área em metade do tempo da equipa de duas pessoas.
Mas se a tarefa for outra, mais difícil de dividir, o resultado pode ser bem diferente. Imagine-se, por exemplo, que o trabalho é dactilografar uma carta manuscrita. Uma única pessoa será capaz de o fazer. Quanto muito, existirá um aumento de desempenho se se utilizar duas pessoas: uma para ditar a carta manuscrita e outra para dactilografar. Mas, nesta tarefa, a equipa de quatro pessoas não terá vantagens sobre a equipa de duas pessoas. Na realidade, duas pessoas mais rápidas serão capazes de realizar esta tarefa mais eficientemente do que quatro pessoas um pouco menos expeditas.
Ou seja, a vantagem de um processador de quatro núcleos sobre um processador de dois núcleos tecnologicamente idêntico, mas com um pouco mais de frequência, nem sempre é uma realidade. Depende das tarefas que são realizadas no PC.
Os programas de render mais recentes dividem as imagens a processar pelos diferentes núcleos.
Quatro ganham mais criatividade
Só as aplicações com elevado nível de paralelismo ganham com os núcleos extra. Os melhores exemplos são as tarefas de render, como o CineBench R10 e o Blender, onde é naturalmente fácil dividir o trabalho – cada core fica com uma parte da imagem a processar.
Mas nos jogos a situação muda de figura. Como se esperava, aqui é muito mais difícil dividir o trabalho pelos diferentes cores. Na realidade, a componente dos jogos com maior paralelismo é o grafismo, mas este é processado pelas placas gráficas. No Crysis, que ainda é o jogo mais exigente do mercado, os dois cores a 2,9 GHz ganham os quatro cores a 2,6 GHz. No Far Cry, um dos jogos que mais aproveita o multiprocessamento, existe uma vantagem em ter mais núcleos, mas só em resoluções mais baixas. Quando se aumenta o nível de qualidade do jogo, a placa gráfica acaba por impor o limite.
Conclusão:
Se é, sobretudo, um jogador, ainda é preferível optar por um processador de dois cores de maior frequência e, sobretudo, investir na placa gráfica.
Quem ganha mais com a utilização de quatro núcleos são os profissionais da área criativa, sobretudo aqueles que têm muitas vezes de fazer renders “pesados” em aplicações como edição de vídeo, modulação 3D e edição de fotos.
As produtoras de software apostam cada vez mais no desenvolvimento de programas que possam tirar partido desta arquitectura.
A este respeito, diga-se que o Windows 7, não só tira maior partido directo de vários núcleos, como distribui melhor os programas que se executam em simultâneo. E, como é fácil se perceber, cada vez mais trabalhamos com várias aplicações em simultâneo.